Papa Bento VXI - Maio/2007

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A PJ e o resgate da dignidade humana

“A PJ é a ação evangelizadora da Igreja entre os jovens, onde os próprios jovens são protagonistas de sua evangelização, assumindo-se como evangelizadores de outros jovens.”
(CNBB. Marco Referencial da Pastoral da Juventude do Brasil, p. 172)

A pastoral da juventude proporcionou e continua a proporcionar meios específicos para uma realização sócio-político-econômica e religiosa à juventude a partir de suas realidades. Ainda hoje, a juventude é um desafio para a Igreja, para os adultos e para a própria juventude. E quando se fala de pastoral, parece que ninguém os entende suficientemente. Atualmente, parece nos depararmos com uma juventude alheia a realidade eclesial. A Igreja parece não estar respondendo as necessidades dos jovens. No entanto, notamos um crescente número de jovens estabelecendo-se nos mais diversos movimentos eclesiais, existentes hoje.

A juventude, como toda sociedade, traz em si, mesmo que em seu íntimo mais profundo, uma intensa busca para sua realização espiritual. E, em nossa realidade, totalmente fragmentada pela busca, cada vez mais de uma realização particular, onde o hedonismo parece ser uma lei áurea, esta busca se acentua ainda mais. Os jovens de hoje são mais conservadores e estão mais preocupados com suas próprias necessidades e menos abertos a um ideal coletivo do que nas décadas passadas.

A juventude não tem encontrado meios que lhes proporcione a realização de seus objetivos, o que favorece a uma busca incansável de ambientes onde a insatisfação social seja suprida pelos anseios puramente espirituais. Diante dessa realidade, temos a pastoral da juventude, em sua exímia maturidade no trabalho de resgate da dignidade da juventude, presente tanto no meio eclesial, como no social.

“Cuidado particular merecem os jovens, considerando-se a situação que encontram na sociedade de hoje. Ela lhes apresenta uma oferta imensa de experiências potenciais e de conhecimentos, mas não lhes fornece recursos adequados para satisfazer suas aspirações. Além disso, muitas vezes os desvia para caminhos ilusórios de busca do prazer. [...] Grande importância tem uma Pastoral da Juventude, amadurecida e assumida pela Igreja em seu conjunto.” (CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, 198).

A pastoral da juventude proporciona ao jovem uma maturação pessoal e comunitária para um autêntico compromisso diante da comunidade e da sociedade. Busca, por meio dos processos de educação na fé, levar os jovens a uma verdadeira conversão e compromisso do anúncio da Palavra. Muitos jovens perderam, ou tem dificuldades para encontrar o sentido pleno de sua existência, e esperam ansiosamente uma “boa notícia” que lhes devolva a alegria de viver e lhes dê oportunidades de construir, com suas energias, uma nova civilização. “A Igreja evangelizadora faz veemente apelo para que os jovens nela busquem o lugar de sua comunhão com Deus e os homens a fim de construir “a civilização do amor” e edificar a paz na justiça...” (Puebla, 1188).

A civilização do amor supõe acreditar que o estilo de vida inaugurado por Jesus e proclamado nas bem-aventuranças é o mais humano e o mais atual. Supõe acreditar que viver o etilo de Jesus, com seus critérios e valores proporcionará mudanças profundas na consciência coletiva da humanidade e fará surgir novas e mais justas estruturas sociais.

A reflexão e a experiência gerada pela Igreja e pela pastoral da juventude, nos últimos anos, nos permitem ressaltar características próprias da civilização do amor que se quer construir. É um projeto de vida para todos os âmbitos do jovem – família, vivência de fé, compromisso sócio-político, cultura, trabalho... É um ideal que vai se caracterizando nos acontecimentos diários que anunciam e fazem acreditar na possibilidade de sua plena realização. É a construção de dinamismos e projetos que transformam, aos poucos, a realidade.

A partir das experiências grupais, os jovens podem impulsionar o nascimento de uma sociedade nova fundada na partilha, na vida comunitária, na sensibilidade diante da dor e da solidariedade para com os mais necessitados, superando isolamentos, egoísmos e indiferenças tornando visível o chamado de Deus a viver autenticamente como irmãos e filhos de um mesmo Pai.

As experiências grupais que a pastoral da juventude propõe oferecem aos jovens é a possibilidade de rejeitar o individualismo, desenvolver um senso crítico abrindo-se ao outro, descobrindo e experimentando o valor do encontro interpessoal e comunitário.

A evangelização dos jovens é um desafio para toda Igreja, não pode ser considerada como um simples processo de transição na vida do jovem. Toda a Igreja deve se comprometer para que, com seu apoio e orientação, os jovens possam crescer e se desenvolver como pessoas. Os jovens precisam conhecer a Jesus, aceitá-lo, segui-lo e se integrar na comunidade, promovendo uma mudança à toda humanidade. A pastoral da juventude é a expressão concreta da missão pastoral da comunidade para com a evangelização dos jovens. É, também, uma boa nova para a Igreja e uma proposta de transformação para as pessoas e para a sociedade.

Esse processo evangelizador é vivido de forma participativa em pequenos grupos ou comunidades nos quais os jovens partilham fé e vida, alegrias e tristezas, reflexões e ações, a oração, tudo o que são e o que querem ser, o que vivem, o que crêem, o que sentem, o que esperam. Nesse processo, tem um lugar privilegiado a apresentação atraente e motivadora de Jesus como resposta aos seus anseios de realização pessoal e suas buscas de sentido da vida.

Júlio César Fernandes - diácono transitório pertencente à Arquidiocese de Sorocaba e Assessor Religioso arquidiocesano da Pastoral da Juventude.