Papa Bento VXI - Maio/2007

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O justo cai 7 vezes por dia...


“O justo cai sete vezes por dia” (Prov. 24,16)

Nós, humanos, quase todos os dias caímos e nos levantamos. São pequenos ou grandes tombos. Mas, nenhum de nós quer ficar caído. E, quanto mais nos afastamos do caminho de Jesus, mais corremos o risco de cair. É um fato!

“Não há homem que não peque.” (Ecl. 7,21)

E, por isso, mudamos o caminho e nos perdemos. E, o pior, muitas vezes atrapalhamos também o caminho do irmão, desviando-os para um caminho torto, onde esperamos obter menos cobrança, mais alegria, mais realizações.

Foi assim o pensamento daquele filho que pediu seus bens ao Pai e foi viver sua vida, esbanjando e curtindo as maravilhas do mundo. Assim é conosco.
Quanto mais distantes do plano que nosso Pai maior nos traçou, mais perto do pecado e dos erros estamos.

Porém, assim como o Pai da história do filho pródigo, Deus sempre se coloca na posição daquele que nos espera no caminho da volta.

O caminho da volta é o sacramento da penitência! É o pedido de perdão.

E, hoje queria chamar a atenção para alguns aspectos deste sacramento que, às vezes, parece ser banalizado, sem sentido e sem verdade para algumas pessoas.

Ora, os sacramentos, TODOS ELES, foram instituídos pelo próprio Jesus Cristo como um meio de aproximação, uma forma de fazer com que seu povo saiba e tenha presente a força vivificante do Senhor Deus, por meio do seu Santo Espírito.

E, esta reconciliação nós, cristãos católicos, encontramos no Sacramento da penitência, onde por meio da nossa iniciativa, buscamos não somente o perdão do pecado cometido. Buscamos também a tentativa de não recair no mesmo erro e de receber uma nova oportunidade de vida.

O próprio Cristo disse àquela mulher que iria ser apedrejada: “vá e não peques mais.” (Jô.8,11)

E, é isso que dizemos no ato de contrição: “Meu Deus, eu me arrependo do meu pecado. Imploro-vos o perdão e vossa justiça. Perdoai-me. Não quero mais pecar.”

O filho Pródigo fez também esse caminho de reconhecimento de seu erro, antes de voltar. E, isso é condição obrigatória para que eu receba o perdão. Eu preciso fazer um exame de consciência, onde eu confronto minhas atitudes com aquelas que eu julgo ser a atitude correta, que muitas vezes foi exemplificada pelo próprio Jesus Cristo.

Ora, se eu me avalio, se eu me julgo, para que eu faça o caminho da volta, eu preciso me arrepender. E, a eficácia do perdão que eu busco está diretamente ligada à verdade do meu arrependimento.
Como eu convivo com muitos evangélicos, e eles estão sempre me questionando sobre nossas vivências, já ouvi de alguns irmãos a seguinte pergunta: ”Não é fácil demais prá vocês católicos, já que vocês dizem ser perdoados por Deus todas as vezes que buscarem este perdão?”

Não. Absolutamente.
Deus não é um juiz manipulável; que podemos enganar; com quem podemos brincar.
E, engana a si mesmo aquele que se julga arrependido e merecedor de perdão sem de fato ter entranhado em si o propósito do recomeço.

“Pai, pequei contra o céu e contra ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho. Portanto, trata-me com a um de seus empregados.” Com esta frase, o filho pecador se despoja de orgulho, de grandiosidade. Coloca-se humildemente aos pés do Pai, implorando ser novamente recebido, não mais como um filho, mas como um empregado.

A reação do Pai, dando anel, festa, roupas novas, é a resposta que merece aqueles que reconhecem VERDADEIRAMENTE suas fraquezas, suas quedas, e se colocam como alguém que precisa muito mais que somente um teto e comida. O que o Homem arrependido de fato pede e implora é o perdão e a possibilidade de RECOMEÇAR.

É esta possibilidade que o sacramento da Penitência nos traz. O Recomeço, forte, sólido, pensado, fundamentado na luz que o amor sem medida do Pai nos dá.

E, é esse perdão que também somos convidados a oferecer aos nossos irmãos na oração do Pai-Nosso: “…perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido…”.

Sou perdoado na mesma proporção em que perdôo! Já pensou nisso? Repetimos isso sempre!!!

Deus, justo e sábio, me impõe a melhor e mais bonita das condições: sou merecedor de perdão se eu também abrir meu coração com misericórdia e souber dar à meu irmão que me magoou, que me ofendeu, que me caluniou, a mesma chance de recomeçar.

Pense nisso
Leve à sério seu recomeço.
Não são todos que têm esta chance!
Um grande abraço.

Ana Lídia Santos